Aceitar Cookies…ou Não! 

Artigo escrito por Pedro Torres, CEO da Plan4Privacy

No artigo anterior falámos do Grande Paradoxo da Privacidade e de como nos expomos, quase sem nos apercebermos, no mundo digital e de uma forma que jamais faríamos presencialmente.  

E um dos tópicos apresentados é sobre os quadros de «Concordo» ou «Aceitar cookies» em que todos nós clicamos porque queremos ter acesso um determinado site ou informação. 

Propomos-lhe um exercício de memória. De todas as vezes que aceitou ou clicou para concordar, quantas vezes leu a informação associada? Quantas vezes leu o que estava a aceitar ou com que concordou? 

Como pretendemos que continue a navegar na Internet, mas de forma segura e consciente, queremos que conheça bem as consequências deste pequeno gesto. Comecemos por entender, afinal, o que são cookies? 

Cookies, em português Bolachas, é um pequeno pedaço de dados em código enviado a partir de um site e armazenado num ficheiro de texto criado no computador do visitante enquanto ele está a navegar. Isto vai permitir que os sites conheçam as preferências e o perfil digital dos seus utilizadores, de modo a selecionar e apresentar um conteúdo personalizado e direcionado para quem está a navegar. 

Os cookies são, igualmente uma ferramenta de trabalho para quem produz e desenvolve campanhas de marketing, uma vez que desta forma poderão criar anúncios mais eficazes e com a informação que o possível consumidor deseja ver. São designados por cookies de terceiros. 

De uma forma mais resumida, os cookies não procuram e nem retêm os dados pessoais que nos identificam facilmente como o nome ou o número de telefone, mas sim as preferências, os gostos ou o tipo de pesquisas habituais dos utilizadores. 

Então qual é o mal, deverá estar a pensar? 

O mal não está nos cookies, mas por exemplo no nível de segurança do site que está a visitar e no qual os aceitou. Os sites menos seguros estão sujeitos a ataques de Cibersegurança, nos quais a informação recolhida pode ser roubada. O que nos leva, novamente, à questão de não devermos clicar ou navegar em sites suspeitos ou que não conhecemos.  

O risco de aceitarmos os cookies sem perceber a sua natureza é de estarmos a dar informação variada como por exemplo, a nossa localização (IP) ou preferências (forma de navegação e escolhas num site), e esta ser utilizada para fins sobre os quais não estamos esclarecidos. 

Desde 2018, passou a ser obrigatório em todos os sites, pelo Regulamento Geral de Proteção de Dados da União Europeia, a informação sobre os direitos da privacidade dos utilizadores e a solicitação para a aceitação dos cookies. Por isso é que, sempre que entramos pela primeira vez num site europeu, surge a mensagem sobre a utilização de cookies. 

O objetivo deste regulamento é que os utilizadores digitais ganhem um maior controlo sobre a partilha dos seus dados, e adquiram a consciência de onde e de que forma esses mesmos dados são partilhados e trabalhados. 

No entanto, a União Europeia, pelo Comité Europeu para a Proteção de Dados, (EDPB) já veio manifestar-se sobre esta questão, alertando para a falsa opção de aceitar ou não os cookies.  

Alguns sites, não permitem que os utilizadores visualizem o seu conteúdo, se não clicarem em «Aceitar cookies». Esta limitação faz com que as pessoas aceitem por necessidade e não por opção ou vontade de partilhar qualquer tipo de informação. 

Segundo esta instituição, nas suas diretrizes sobre o tema publicadas em maio de 2020, esta situação não constitui um consentimento válido, uma vez que o serviço só é prestado se o titular dos dados escolher o botão “Aceitar cookies”, não lhe sendo apresentada uma escolha genuína. 

Agora que já sabe do que se trata quando falamos em cookies, não perca o próximo artigo no nosso Blog, no qual lhe iremos contar como se proteger e salvaguardar os seus dados, mesmo quando clica em «Aceitar cookies» e que tipos de cookies deve aceitar.